O IRMÃO MORTO
Para Ugo Giorgetti
Morreu teu irmão.
Morreu trêmulo como os velhos homens
das antigas fazendas de café.
Proclamava-se teu irmão
e falava dos passeios pelos parques
que tu proporcionavas, cedendo-lhe,
nas manhãs do outono,
o extraordinário carro estrangeiro
onde coaxavam os sapos de papo azul.
Está morto teu irmão
e as palavras são secas e distantes
e não há pássaros voando no céu
nem lagartos verdes subindo nas
paredes da velha casa.
O tempo passou como os três vasos
pendurados no muro do quintal
e tu deves guardar no teu coração
a palavra: irmão.
Celso de Alencar
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