Obra ilustrativa e poema "O Irmão Morto" de Celso de Alencar de 2012



O IRMÃO MORTO 


Para Ugo Giorgetti



Morreu teu irmão.

Morreu trêmulo como os velhos homens

das antigas fazendas de café.

Proclamava-se teu irmão

e falava dos passeios pelos parques

que tu proporcionavas, cedendo-lhe,

nas manhãs do outono,

o extraordinário carro estrangeiro

onde coaxavam os sapos de papo azul.

Está morto teu irmão

e as palavras são secas e distantes

e não há pássaros voando no céu

nem lagartos verdes subindo nas

paredes da velha casa.

O tempo passou como os três vasos

pendurados no muro do quintal

e tu deves guardar no teu coração

a palavra: irmão.
Celso de Alencar




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