O VESTIDO FLORIDO
Para Marta Alencar
Minha irmã
ainda guardava
o vestido
florido de sua infância
bordado e
costurado por nossa mãe.
Era uma
colorida fotografia,
uma peça de
moldura que ainda
se guardava no
álbum da família.
Atrás da
cortina existe uma lágrima
própria de
interior de casa.
E não foram
ouvidos
a voz triste do
pássaro
que costumava
sentar na árvore seca
da frente de
nossa casa,
nenhum latido
de cachorro
nem miados de
gatos no jardim
nem as vozes
dos operários
que
consertavam a tubulação
de água da
nossa rua.
Restam as
cores alegres
das borboletas
e das tartaruguinhas
estampadas no
vestido infantil
e o aceno
leve,
como o dos
viajantes principiantes
ou o daqueles
que repousam no campo,
feito por
minha irmã.
Celso de Alencar
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